Muitas mulheres poderão beneficiar da terapêutica hormonal (TH) durante e após a menopausa.
Um plano terapêutico hormonal baseado numa seleção cuidadosa das doentes, uma análise precisa da relação risco- benefício e as estratégias para minimizar os riscos podem ajudá-las a alcançar uma melhoria da qualidade de vida.
À medida que as mulheres entram em menopausa, verifica-se uma redução gradual mas substancial da produção de hormonas ováricas, precipitando uma grande variedade de sintomas que podem afetar as atividades diárias e a qualidade de vida.
A perda das hormonas ováricas (estrogénios e progesterona) põe igualmente em marcha uma alteração no metabolismo ósseo, conduzindo a perdas significativas da densidade e da resistência ósseas. Além disso outros sistemas do organismo, incluindo o urogenital, vascular e nervoso central, são igualmente afetados pela perda das hormonas ováricas.
A possibilidade da terapêutica hormonal poder ser utilizada com segurança para prevenir estas alterações constitui uma questão importante que as mulheres na menopausa, bem com os seus médicos, devem equacionar. No entanto, não existe apenas uma resposta correta, cada mulher e o seu médico devem decidir se a terapêutica hormonal é uma opção de tratamento apropriada para a primeira. Um grande número de estudos com evidência cientifica aborda esta questão; a resposta dependerá da realização de uma análise de risco-beneficio. Quando se procede a essa avaliação é importante ter em consideração três fatores que afetam profundamente o perfil risco- beneficio da terapêutica hormonal: a idade quando do seu início, a dose de hormonas e a via de administração.
Idade quando do inicio da terapêutica hormonal
A ação benéfica dos estrogénios consiste na sua capacidade para prevenir as alterações nos tecidos saudáveis.
A deficiência de estrogénios ao longo de um período de muitos anos pode resultar em alterações significativas e irreversíveis, tais como pode resultar em alterações significativas e irreversíveis, tais como perda de massa óssea, atrofia vaginal e da bexiga e uma elasticidade reduzida da pele. Ao administrar a terapêutica hormonal para restabelecer os níveis baixos de estrogénios na pré-menopausa, as lesões dos tecidos podem ser retardados ou interrompidas.
O momento do início da terapêutica hormonal é crítico para compreender a ação terapêutica das hormonas. Esta hipótese é apoiada por um grande número de estudos que mostram consistentemente uma janela terapêutica para o início da terapêutica para diversos tipos de tecidos, incluindo o osso e apele, bem como os aparelhos urogenital, cardiovascular e o sistema nervoso central.
O inicio da TH por volta dos 50 ou dentro dos primeiros dez anos da menopausa maximiza o perfil risco- benefício.
Posologia da terapêutica hormonal
Uma segunda influência comum sobre o perfil risco benefício da terapêutica hormonal é a dose de estrogénios e de progestagénios.
Existe uma evidência significativa de que a terapêutica hormonal em doses baixas é eficaz na prevenção da perda óssea e no tratamento dos sintomas menopáusicos, com menos hemorragias e com uma menor incidência de outros efeitos em comparação com as doses mais elevadas. O mais importante é que as doses mais baixas estão igualmente associadas a riscos mais baixos.
Nurses health Study (NHS) foi um estudo de coorte, prospetivo, observacional realizado em 70.533 mulheres pós- menopáusicas que investigou a duração, a dose e o tipo de terapêutica hormonal na prevenção da doença cardiovascular ao longo de vinte anos de seguimento. Os investigadores verificaram que uma dose de 0.3mg/ dia de estrogénios foi associada a um risco mais baixo, estatisticamente, significativo, tanto de doença cardiovascular como de acidente vascular cerebral, enquanto doses mais elevadas foram associadas a um risco aumentado de acidente vascular cerebral mas a um risco reduzido de doença cardiovascular.
Avaliação dos benefícios da terapêutica hormonal
Se for iniciada dentro da janela terapêutica, a terapêutica, com estrogénios apresenta benefícios evidentes referidos em múltiplos estudos.
Entre eles salientam-se o alívio dos sintomas vasomotores, a proteção relativamente à perda óssea e a fraturas osteoporóticas e a proteção e tratamento da atrofia urogenital. Além disso, os estudos indicaram que a terapêutica com estrógenios pode prevenir a doença cardiovascular, diminuir a mortalidade global, reduzir a redistribuição de gordura relacionada com a menopausa, conferir proteção contra a perda de colagénio relacionada com a menopausa ao nível da pele e a subsequente formação de rugas, reduzir as taxas de doenças reumáticas, de cancro do colon e a perda de dentição, diminuir a incidência de doença de Parkinson, de demência e de doença de Alzheimer e prevenir a perda de memória para factos recentes e melhorar o funcionamento cognitivo.
Os estrogénios encontram-se aprovados sob diversas formas e pela US Food and Drug Administartion (FDA) para a prevenção da perda óssea e da osteoporose relacionadas com a menopausa.
O estudo WHI referiu reduções significativas nas fraturas nas mulheres tratadas com estrógenios numa população geral menopáusica (sem osteoporose conhecida). Especialmente, o estudo WHI constatou s existência de menos 44 a 47 fraturas totais e menos fraturas do colo do fémur por 10.000 mulheres- ano nas paricipantes do estudo medicadas com uma TH combinado e menos seis fraturas do colo do fémur e menos 50 fraturas osteoporóticos em geral no da terapêutica com estrogénios isolados.
Além disso, em termos de proteção contra a perda óssea e fraturas femorais, os estrogénios não estão associados a fraturas femorais, os estrogénios não estão associadas a fraturas a fraturas femorais atípicas, a displasia mandíbular e a cancro esofágico que foram atribuídos à utilização prolongada de bifosfonatos para a proteção óssea.
Mais de 40 anos de ensaios clínicos indicam a presença de uma proteção cardiovascular significativa com a terapêutica com estrogénios isolados nas mulheres menopáusicas, particularmente se for utilizada uma dose baixa e se a terapêutica for iniciada dentro da janela terapêutica. Os estudos ELITE e KEEPs constituem ensaios clínicos prospetivos, aleatorizados, desenhados para melhor documentar e definir os benefícios cardiocvasculares da TH.
O WHI revelou a existência de uma redução não significativa na doença cardiovascular (menos cinco casos/ ano por 10.000 mulheres- ano) nas mulheres sob terapêutica com estrogénios isolados em comparação com o placebo durante a fase de intervenção. Durante a fase pós intervenção, os resultados variaram significativamente em função da idade, embora continuasse a existir uma doença cardíaca entre os grupos medicados com estrogénios isolados e com placebo. As mulheres com idade compreendida entre os 50 e os 60 anos apresentavam uma taxa significativamente reduzida de ataques cardíacos enquanto as mulheres com idade compreendida entre os 70 e 80 anos tinham um risco aumentado.
Os novos resultados do estudo WHI sobre a calcificação das artérias coronários recentemente a existência de um efeito cardioprotetor nas mulheres que iniciaram a terapêutica entre os 50 e os 59 anos. Após um período médio de 8, 7 anos, as mulheres do ramo medicado com estrogénios isolados apresentavam deposições significativamente menores de cálcio nas artérias coronárias em comparação com as que receberam placebo. As mulheres que aderiram à terapêutica durante pelos menos cinco anos apresentavam uma redução de 64% na deposição de cálcio nas artérias coronárias. Ambas os braços do estudo WHI referiram uma redução acentuada nos novos casos de diabetes durante os sete anos de ensaio clínico.
Ao selecionar uma opção hormonal para uma doente, devem ser tomadas em consideração os seguintes aspetos para maximizar os benefícios e minimizar os riscos:
A altura em que é iniciada a terapêutica é importante
O início da TH nas mulheres saudáveis com idade inferior a 60 anos ou nos dez anos que se seguem ao início da menopausa não se encontra associado a um aumento de risco de doença cardíaca. Muitos estudos indicam que a terapêutica com estrogénios, na realidade, protege os vasos coronários e reduz de eventos cardiovasculares.
A continuação de uma terapêutica
Com uma dose baixa até aos 60 anos de idade ou para além desta parece prolongar essa proteção
Minimize a dose
A seleção da dose mais baixa eficaz para os sintomas menopáusicos diminui o risco de efeitos secundários e de problemas hemorrágicos. A terapêutica com uma dose baixa está associada a efeitos benéficos sobre o metabolismo está associada ósseo e o tecido vaginal. À medida que as mulheres envelhecem, a sua taxa metabólica diminui, devendo ser considerada uma redução da dose.
Fonte: ISDIN
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